agora, desde o início

Depois de vos ter contado o nosso regresso, começo então por contar tudo desde o início. E a partir de agora com fotos!
Voámos para Madrid na sexta ao fim da tarde. Havia um voo no sábado de manhã mas chegava apenas uma hora e meia antes do voo para Pequim. Disseram-nos que daria tempo suficiente para a escala mas como implicava uma mudança de terminal achámos que arriscávamos menos ir de véspera e fazer o check-in da bagagem para o voo da Air China pessoalmente. Achámos mal! A nossa bagagem nem chegou a Madrid. Nem saiu de Lisboa!
Deram-nos a esperança, mas nós acreditamos pouco, que podia ser que chegasse no primeiro voo, o tal que chegava uma hora e meia antes do de Pequim. E realmente não chegou. E só havia outro voo Madrid-Pequim na quarta. Não estaria muito mal se não saíssemos de Pequim na terça para a Mongólia. Disseram-nos então que mandavam as malas para lá mas nem sabiam bem qual era o aeroporto mais perto. Aí sim, demos tudo por perdido. Ainda demos as moradas dos hotéis em Pequim e Ulanbatar mas tínhamos decidido que se ao chegarmos a Pequim ainda não soubessem onde estavam íamos pedir que, quando as encontrassem, as deixassem em Lisboa.
E assim partimos para uma viagem, para o outro lado do mundo, sem bagagem. Só a roupa do corpo e um pequeno estojo com a caixa e líquido para as lentes de contacto, escovas e pasta de dentes, desodorizante e umas amostras de champô e creme que tinha separado numa pequena mochila a pensar na noite em Madrid e no voo de 12 horas. Começámos no Ibis de Barajas a lavar a roupa interior no lavatório e a secar no secador.
Já dormimos mal no hotel, e mal também no voo, mas ainda assim chegámos a Pequim em forma e disposição razoável e a partir do momento em que aceitámos o facto de que não teríamos a bagagem tenho de dizer-vos que a sensação foi extraordinária. Por muito que custasse pensar no trabalho que tinha dado programar o que levávamos e que algumas das coisas que tínhamos perdido eram insubstituíveis, quando saímos do aeroporto de Pequim a sensação foi de liberdade absoluta. Estou certa que existem explicações filosóficas e religiosas para o sentimento abnegação mas para nós foi simplesmente a vontade de ainda querer desfrutar das férias e já agora acrescentar um pouco mais de drama à aventura. Ainda assim mantivemos os passaportes e cartões de crédito nas bolsas por dentro das calças!
Chegámos a Pequim no domingo, passava pouco das sete da manhã. Procurámos o balcão da bagagem perdida e disseram-nos que embora não tivessem informações novas era possível que a mala já tivesse sido localizada. Deram-nos um número de telefone para tentarmos mais tarde. Levantámos dinheiro e metemo-nos no comboio em direcção ao centro. Na primeira estação com correspondência metemo-nos no metro e fomos à zona olímpica. Eram nove e pouco e já estava um calor terrível. Tirámos as fotos da praxe com O Ninho e vagueamos um pouco. Fizemos então a nossa primeira compra e a pior.
A cena da negociação deve ser levada a sério e requer prática, empenho e alguma atitude. Comprámos uns papagaios de papel a uma velha que nos pediu 50 yuan e que acordamos por 20 mas que quando saquei do dinheiro me arrancou da mão 25. Evitem negócios com velhas, são as piores. (Acabámos por comprová-lo numa outra situação com uns viajantes suecos mas já na Rússia.) Uns metros à frente vimos uns ainda maiores que acabamos por comprar mais baratos. Humpf…
Voltámos ao metro e fomos para o hostel. Ainda não era meio-dia mas como tinham o quarto disponível já nos deixaram entrar. Entretanto recebemos uma sms de Madrid a dizer que a nossa bagagem estava num voo para Frankfurt e que chegava a Pequim na segunda às nove da manhã. Eehhhhhh!!!! Mas não muito, só nos permitiríamos festejar quando tivéssemos as mochilas à nossa frente.
Descansámos um pouco e refrescámo-nos antes de sair pela cidade.
Por agora deixo as primeiras fotos. Vão aparecendo!

À saída de casa em Lisboa.
O que nos restou...
No metro de Beijing.
O Ninho.
Pátio do hostel.

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