beijing

Estivemos apenas dois dias em Pequim. Inicialmente tínhamos previsto três mas acabámos por não conseguir arranjar bilhete para o comboio, por isso decidimos abdicar de ir à Muralha. Entre um voo de 12 horas e um dia e meio de comboio estava completamente fora de consideração mais umas horas de autocarro. A Muralha fica para a próxima! Preferimos usar o tempo para conhecer a cidade.
Mal chegámos a Beijing ficámos com uma impressão significativamente positiva. Chegámos ao terminal do Foster, e claro que isso ajudou muito, mas o que nos surpreendeu foi a facilidade de navegação. Receávamos alguma dificuldade de orientação mas todo o aeroporto está sinalizado em inglês, como está também o comboio que faz ligação à cidade e o metro. De facto, o metro é realmente fácil de usar e super barato! Tem indicadores luminosos que assinalam as estações percorridas e os nomes das estações escritos no nosso alfabeto e custa 2 yuan (0,20€!). Também fiquei impressionada com o esforço que fazem por manter tudo limpo. O aeroporto estava imaculado e no metro e nas praças estava sempre alguém a limpar ou a varrer. É claramente uma operação cara-lavada, que imagino resultado dos Jogos Olímpicos, e que, depois comprovamos, se fica mais pelas zonas onde passam turistas. Ainda assim impressionante.
No primeiro dia, depois da zona Olímpica, descansámos um pouco e lá arranjámos coragem para enfrentar os mais de 40º. Fizemo-nos à cidade a pé. O hostel ficava apenas dois quarteirões da Cidade Proibida mas em Pequim isso significa um bocadinho mais do que estávamos à espera. Tomámos a direcção norte-sul, seguindo o eixo Cidade Proibida, praça Tiananmen e… shopping! Não pude deixar de imaginar a tradução de um percurso histórico-político cujos paradoxos começam desde a representatividade da Cidade Proibida. Há nitidamente uma projecção de modernidade, acompanhada por avidez no consumo mas, por outro lado, não consegui actualizar o blog porque o domínio está simplesmente bloqueado. No entanto, penso que mais do recearem quem vem de fora estão preocupados com o controlo interno. Há polícia e controlos de segurança em todo o lado que parecem principalmente concentrados em evitar a formação de aglomerados de pessoas. Excepto para a visita do mausoléu do Mao e nos mercados!
Apesar de a entrada no mausoléu ser gratuita, passámos. Deixámos de lado os postais e fomos ao que interessa: as ruas e os mercados. Ficámos completamente agarrados aos mercados! Exactamente no eixo da Tiananmen fica uma avenida transformada em shopping ao ar livre. Tem desde lojas de doces e chás até às Zara, H&M e Nike. Tomem esta avenida apenas como referência porque o que interessa está nas ruas no lado poente. Todos os milímetros de fachada são loja ou restaurante, também algum do espaço do chão. É frenético, e bastante mais sujo que as zonas para visitantes, mas em poucos minutos já nos sentimos em casa e cometemos a nossa primeira infracção ao guia de saúde do viajante. Lá nos lambuzamos com um geladinho, mas era embalado e certamente constituído apenas por corantes e conservantes.
Não compramos nada aí porque ainda estávamos pouco confiantes nas nossas capacidades de negociação mas também porque este era apenas o primeiro dia de uma viagem de mochila. Resistimos e resistimos, mas só até ao dia seguinte.
Vagueámos pelos quarteirões das antigas representações estrangeiras, agora com embaixadas e bancos, com ar de cidade europeia, depois seguimos para outra zona comercial. Novamente uma rua pedonal com muitas lojas, estas ainda mais caras, e um edifício enorme de shopping. Mais uma vez o que interessa está nas vielas. Encontramos um mercado de comida exótica mas não ficámos tentados a experimentar nada. O E. ainda ia com o espírito aberto mas a verdade é que mesmo os locais não me pareceram grandes apreciadores. Vagueámos mais um pouco mas já em direcção ao hostel com vontade de aterrar e jantar mesmo por lá.
Enquanto estávamos no lobby a aproveitar o ar-condicionado e a internet, o que não estava censurado, um dos viajantes, filipino a viver em Sidney e com destino à Europa, convenceu-nos a ir jantar fora num dos restaurantes mais perto do hostel. Juntou-se a nós um casal de letões cujo rapaz tinha estado em missão no Iraque. (trivia) Esta seria de facto a nossa primeira refeição em Beijing e pelo que já nos tínhamos apercebido ao passar pelas cozinhas abertas relembrámo-nos que ainda não tinha chegado a nossa mala com a medicação para as afecções gástricas. E escusam pensar em escolher um restaurante com um ar mais arranjadinho, a não ser talvez num hotel 4 ou 5*, porque, apesar de alguns terem melhor apresentação para o turista, as cozinhas são os mesmos buracos. Descobrimos também que pelo simples facto de terem menu em inglês os preços são bastante inflacionados. Escolhemos um bem básico mas que tinha as fotografias dos pratos na parede. Fizemos o pedido apontando, e dizendo o nome de uma marca de cerveja que alguém conhecia mostrámos o número de dedos correspondente. Estava tudo bom, saboroso e era o que precisávamos. Parecia que já estávamos de viagem há uma semana. Pagámos 20 yuan por pessoa, já com uma modesta gorjeta. Menos de 2,5€ por um prato enorme de comida e uma cerveja de meio litro. Mais uma vez sentimo-nos em casa.
Voltámos para o hostel. Lavámos toda a roupa para secar durante a noite e fomos dormir.

Tirámos uma foto à porta e chega.
Quianmen Daije, a avenida-shopping.
As marcas ocidentais com decór chinoiserie.
Perdidos no mercado e a adorar.
Mais ou menos...
O geladinho!
Certa de que quebrei mais uma regra sanitária.
Mais lojas ocidentais, caras e muitas.
Wangfujing Daije, outra avenida de lojas e shopping.
No mercado de comida exótica.
Poupo-vos as fotografias de detalhe mas reparem no ar do rapaz à esquerda. Está bem que ele até pode nem ser chinês, mas parece-me bastante espantado, ao ponto de também estar a tirar fotografias.
Pormenor do nosso WC.

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