Ulan Bataar

De volta a Ulan Bataar, ficámos alojados num hotel que acaba por funcionar como uma extensão do negócio muito bem gerido pelo dono do hostel mesmo em frente. Banheira, sanita e cama, finalmente tudo o que queríamos, mas não se deixem enganar aqui pela designação hotel. Os níveis de tolerância são bem maiores no campo do que dentro de um edifício. Ainda assim serviram-nos o pequeno-almoço no quarto que tinha televisão com MTV e FashionTV. Que foi ao ar com o primeiro trovão dessa noite.
Depois de um banho e uma sesta retemperadora fomos ao centro para jantar. Não conseguimos resistir ao all-you-can-eat do Mongolian Barbecue. Um fast food que abriu primeiro no Michigan e depois de fazer sucesso por lá abriu o primeiro franshising em UB. Um buffet de ingredientes e molhos à escolha que os cozinheiros preparam no momento num disco com mais de dois metros de diâmetro e duas espadas de um. Depois dos dias de frugalidade com os nómadas a nossa prestação foi modesta mas ficámos satisfeitos. O cansaço e o início da época da chuva ditou como destino a curto prazo a cama.
Ao acordar fomos confrontados pelos efeitos de uma real deficiência de infra-estruturas. A chuva durante a noite transformou as ruas em rios e os passeios em poças de lama. Para sorte dos habitantes da cidade pouco tempo depois ficaria frio demais para chover. Saímos para ir buscar os nossos bilhetes de comboio UB-Moscovo. Entretanto conseguimos combinar e encontramo-nos com a R. e o A. para uma visita ao Museu de História da Mongólia e almoço. Sem internet ou telefone, imaginem! Despedimo-nos deles no seu regresso aos U.S. e vagueámos toda a tarde pela cidade para descobrir os velhos edifícios construídos sob a administração soviética e também os novos condomínios.
No dia seguinte fomos ao Black Market que infelizmente ainda estava fechado depois dos dias de festa do Nadaam. Ainda assim e depois de umas voltas pelas lojas encontrámos exactamente os souvenirs que queríamos na Department Store a preços razoáveis e ainda com um desconto que nem tivemos de pedir.
Enquanto nos abrigávamos da chuva numa paragem de autocarro tivemos uma conversa animada com dois senhores. Animada para eles, e bastante longa tendo em conta que eles não falavam inglês e nós nem mongol, nem russo, nem alemão. Mesmo assim fizemos entender que éramos de Portugal, ao que o senhor respondeu: – Lissabona! e: – Ieiaho Oaho! Para nos ajudar a perceber o senhor deu um jeitinho ao pé. Cristiano Ronaldo! Ah, mas há outro, e abanou a mão para trás e apontou para uma coisa de cor preta. Eusébio!? Perguntámos, incrédulos. – Sébio!! O autocarro que eles esperavam chegou e nós ficámos na paragem mais por mais um bocado, de boca aberta.
Prevendo cinco dias espartanos a bordo do comboio, refastelamo-nos na French Bakery, no Café Genève e no restaurante cubano onde bebemos uma garrafa de vinho tinto, reserva, da região de Valência, sim Espanha, servido por um empregado mongol que falava fluentemente espanhol. Ficámos, mais uma vez, de boca aberta.