Fuji-San

 
Não foi a vista ou sequer a caminhada, foi o seu estatuto de ícone que fez incluí-lo no nosso percurso. O Fuji-San, sendo a montanha mais alta do Japão (3776 m), tem associado um significado sagrado que o torna um verdadeiro local de peregrinação. A sua imagem é altamente icónica e o fascínio que exerce reflete-se na romaria de centenas de milhares de peregrinos que ascendem ao topo em cada época. O resultado deste caminho muito repetido é uma erosão significativa ao longo de todo o trajecto e cujas obras de contenção fazem questão de sublinhar.

A norte do Monte Fuji existe um conjunto de cinco lagos que proporcionam vistas agradáveis quando as abertas nas nuvens assim o permitem, mas na zona da montanha acima dos 2500 m a floresta desaparece abruptamente dando lugar a uma massa rochosa desprovida de vegetação. Na época aberta à ascensão a montanha é desoladora, sem a atenuante do manto de neve que durante nove meses encobre as feridas abertas pelo trilho. Ainda assim, a experiência de ascensão ao cume é gratificante.

Apesar de o programa mais aconselhado, e bastante popular, ser o de subir durante o dia, pernoitar nos refúgios perto do cume, ver o nascer do sol e fazer a descida no dia seguinte, optámos por subir bem cedo e regressar ao fim da tarde. A base da expedição foi Kawagochiko, de onde sai um autocarro que deixou-nos na 5ª estação, aos 2305 m. Fizemos o trilho Yoshida e na subida encontrámos peregrinos, ou incautos, dos 8(-) aos 80(+). A ascensão não é demasiado difícil mas sempre são 1500 m que depois de subir é preciso descer.

 
comboio Otsuki-Kawagochiko
Kawagochiko ao pôr do sol
Fuji-San ao nascer do sol
5ª estação do Monte Fuji
 
10ª e última estação
cratera no cume

com 40° queremos gelados!

Experimentámos todo o tipo guloseimas. Bom, gomas não. Mas, por um misto de aventura e analfabetismo, acabámos por comer ameixas salgadas e batatas fritas doces. E imensos gelados! Quiçá, demasiados.
Claro que já contávamos com alguns sabores exóticos mas é sempre uma surpresa.
Como sabíamos, no Japão adoram o seu chá verde (ahh, o matcha) mas ficámos a saber que também gostam muito de feijão vermelho (azuki).
Deixo aqui uma pequena selecção de sabores: tomate, pastilha elástica, corn flakes, chá verde, feijão vermelho e, o quase omnipresente, chá verde com feijão vermelho.









No início, foi o sushi.

Foi o sushi que levou-nos a escolher o Japão como destino num jantar um pouco à margem do fashion-fast-fusion-sushi. O sushi era bom e deixou-nos a desejar por mais. E melhor. E ainda melhor só no Japão. Ficou decidido. Encomendámos o guia, comprámos as viagens e fomos.
E então o sushi? Bom, no Japão não há muito sushi. Em restaurantes nunca vimos, em supermercados muito pouco, pelo que percebemos é coisa mais para empurrar cerveja, tipo tremoço. E, na verdade, se o peixe é bom não tem sentido embrulhá-lo. O peixe cru, muito bom sempre, é orgulhosamente exibido só por si (sashimi) ou sobre uma pequena quantidade de arroz (nigiri). Mas também há cozinhado, principalmente grelhado ou de escabeche, e aparece em versões de nigiri, ou acompanhado com arroz de legumes ou em salada. Estes dois tipos tornaram-se os meus favoritos. Mas também há um sem fim de espetadinhas (yakitori), principalmente de frango e porco, mas de todas as partes do frango e de todas as partes do porco. E ainda as massas (noodles), soba, udon ou ramen, em versão sopa com mais ou menos caldo, ou com ovo cru, e várias guarnições.
No fim, voltaríamos por qualquer outra coisa.
 

konnichiwa!



Estaremos a caminho do Japão daqui a poucas horas. Dois voos e quase quinze horas depois chegaremos a Tóquio. Vamos tentar conhecer um pouco das montanhas, das cidades e de praia.
A preparação da viagem pareceu-nos extremamente simples. Tudo tratado pela internet e com visto de turismo tirado à chegada ao aeroporto.
Passaporte, guia e mala de mão. Cá vamos nós.




Em Andorra neva a 15 de Agosto

Até a mim parece estranho lembrar-me tão bem de quando vi nevar pela primeira vez mas, afinal, na minha terra crescem bananas. E quando era miúda, e esporadicamente havia neve na serra, usava collants com a farda do colégio.
Entretanto andei por outros sítios que obrigavam a mais agasalho, fui à neve e iniciei-me em snowboard. Mas ainda não tinha visto nevar. Vi nevar pela primeira vez a 15 de Agosto, em Andorra, já lá vão uns anos. Estava em trânsito entre dois destinos de praia e usava de chinelos. Não me lembro de mais nada de Andorra.

Moscovo

A nossa estadia em Moscovo foi bastante preguiçosa e sem grandes entusiasmos. Todos os dias tivemos mais de 40° e vários episódios de chuva torrencial com trovoada. Por isso, pela fraca empatia com a maior parte dos interlocutores e pelo facto de estarmos no fim de uma viagem já cheia de lugares e situações surpreendentes, Moscovo ficou quase só a marcar o fim da linha.
Aproveitámos para pôr algum sono em dia e corrigir o jet lag. Deixámos de fora algumas atracções turísticas por causa das filas expostas ao sol inclemente e, com o calor e humidade que já estava na rua, desistimos de experimentar os banya. Ainda assim reconhecemos que a cidade é bonita e que noutras circunstâncias a teríamos achado mais interessante. Mas, até a comida nos despertou pouco interesse. Depois das panquecas e ovas de peixe da praxe, uma variedade de fritos com base de batata e funcho, cedemos ao Mc. Depois de semanas de menus indecifráveis e sabores estranhos precisávamos de uma refeição que, de antemão, conhecíamos o sabor.
Apesar da preguiça e do calor ainda fizemos todo o anel-jardim a pé, percorrendo as bulvar desde o Christy Prudy e de volta ao Kremlin. Fomos aos jardins Hermitage, atravessámos o rio a fomos até ao Gorki Park, e perdemo-nos pelas ulitsa e pereulok entretanto. Não me lembro de ter avistado nenhum tipo de top model material. E o Bolshoi estava de férias. Recomendamos a mercearia Yeliseev e a loja Ministerstvo Podarkov.
Moscovo não é propriamente charmosa ou acolhedora, mas é bem planeada, organizada, cosmopolita e monumental. Fazendo justiça e à escala de capital de império. Também tem muita cor, sobretudo vermelho e ouro, que se vê por todo o lado, nas montras, nas estátuas, nos telhados, e nos dentes.